Por: Rosario Amaral
Os 35 alunos integrantes de vários movimentos sociais, (Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -MST, Movimento de Mulheres Camponesas, Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul) dentre outros, que no dia 25 de fevereiro concluíram a penúltima etapa do curso de Teorias Sociais e Produção do Conhecimento do NEPP-DH UFRJ, saíram do Campus da UFRJ da Praia Vermelha, com uma importante preocupação: Levar a cabo, os trabalhos finais, que terão que apresentar na próxima e última etapa deste curso que vem acontecendo desde janeiro de 2004, durante as férias letivas, na UFRJ.
No o encerramento das atividades do curso, a aluna Rosmeri Witcel, também coordenadora da Escola Nacional Florestan Fernandes, disse que aquisição do saber faz-se, cada vez, necessário para aqueles que participam na ação e nas lutas dos movimentos sociais. Porque segundo ela , “conhecimento para nós é um instrumento de transformação, ele tem que estar presente em todo o momento da nossa vida”. Rose, conforme é chamada carinhosamente pelos companheiros de turma, justifica-se: “quando os movimentos nossos decidiram que devemos estar aqui, é também para transformação da nossa realidade”. Essa interpretação, segundo ela, é que traduz “o nosso desejo e necessidade de estudar. Nossos movimentos estão comprometidos com essa construção, e por isso estamos aqui, principalmente nessa etapa mais presentes, com compromisso da construção dos nossos trabalhos finais”.
De acordo com o coordenador do Curso de Teorias Sociais e Produção de Conhecimento professor Vantuil Pereira as apresentações das monografias ocuparão quase que exclusivamente o tempo das atividades do próximo período. Assim como o curso, o critério de avaliação é inovador. Enquanto que nas monografias tradicionais quem faz reflexão é a banca, neste curso a forma de avaliação será diferente, explica o professor: “Cada aluno apresentará o seu trabalho na sua respectiva linha de discussão, sendo que a sua produção será comentada e debatida pelos seus colegas”. Além disso, esclareceu o professor Vantuil, “cada linha contará com a participação de um professor convidado, que terá como tarefa o comentário e articulação das diversas produções pertinentes às linhas. Tudo isso tem por objetivo romper com o padrão tradicional de apresentações, o que constitui uma das características da produção de conhecimento e uma nova forma de conceber a relação aluno-professor. Esta é das partes mais enriquecedoras do curso, pois não temos como horizonte a formalização de bancas ou apresentações engessadas”.
O acesso ao conhecimento, o estudar numa universidade brasileira dá a estes alunos um sentimento de pertence, de conquista de diretos, que é revelado através da fala de Rosmeri Witcel:
“Sabemos que estarmos aqui ocupando esse espaço estamos transgredindo a ordem da classe dominante; transgredimos quando ocupamos o latifúndio da terra, transgredimos quando ocupamos a universidade, transgredimos quando ousamos combater o machismo, as desigualdades, mesmo que isso nos custe a própria vida”.
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