Por: Rosario Amaral
A quinta etapa da terceira turma do Curso de extensão de Teorias Sociais e Produção de Conhecimento promovido pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida da UFRJ iniciou-se, no último dia 7 de fevereiro com 35 anos inscritos. Este projeto que vem acontecendo desde janeiro de 2004 na UFRJ tem acolhido durante o período das férias letivas, alunos com perfil social diferente daqueles costumeiramente observados nas cotidiano das universidades brasileiras: São trabalhadores rurais vindos de várias regiões do país; são integrantes dos movimentos sociais, a exemplo de MST e Via Campesina; que solicitaram a esta Universidade a viabilização de um curso no teor desde que se realiza no Campus da Praia Vermelha, sob a experiência acadêmica do NEPP-DH. Em cada etapa um novo tema é abordado para o aprofundamento do conhecimento destes alunos. Esta é a vez de “Os pensadores brasileiros” (Florestam Fernandes, Francisco de Oliveira, Milton Santos,Nélson Werneck Sodré, Caio Prado Jr., Octavio Ianni, Roberto Schwarz, entre outros), que através das suas obras contribuirão para o engrandecimento deste projeto de extensão.
O coordenador do Curso de Teorias Sociais e Produção de Conhecimento professor Vantuil Pereira chama a atenção para alguns aspectos a serem observados no desenvolvimento do projeto. Primeiramente diz ele: é importante para refletir o pensar acadêmico com o pensar militante observar o mérito de colocar a militância dentro do espaço da universidade para “construir e produzir Conhecimento”. Um dos caminhos pedagógicos para a produção do conhecimento tem se desenvolvido através da elaboração da monografia dos participantes. A mesma foi sendo construída ao longo de todas as etapas e que culminará com a apresentação da mesma na última etapa. Segundo o coordenador de Extensão do Nepp-DH, este processo não tem o viés idêntico aos padrões acadêmicos tradicionais, mas será construída através da “reflexão do que se discutiu nas etapas desenvolvidas ao longo do curso, ao mesmo tempo, relacionando esta discussão com a realidade vivida pelos alunos nos movimentos sociais no campo ou nas cidades brasileiras”. Vantuil ressaltou a importância “do professor reafirmar o seu compromisso com a universidade, abrindo este espaço para os movimentos sociais”.
Marcelo Carcanholo, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense foi convidado a falar sobre o pensamento de Ruy Mauro Marini, (cientista social, mineiro de Barbacena, um dos principais formuladores da teoria da dependência), que usa as categorias marxistas em suas análises. De acordo com o professor, é muito complexo perceber a problemática que existe ao aproximar a teoria da luta política, por causa da “a aversão à maiores níveis de abstração” dos muitos dos integrantes dos movimentos sociais brasileiros.
O Curso de Teorias Sociais e Produção de Conhecimento prossegue até o dia 25 de fevereiro, e terá a sua última etapa em julho deste ano.
Sobre Ruy Mauro Marini - Em 1965 após ter sido preso e torturado no Cenimar, exilou-se no México e em 1971 transfere-se para o Chile onde foi professor da Universidade no Chile até a queda do presidente Salvador Allende em 1973. Apenas em 1985 retorna definitivamente ao Brasil onde em 1986 tenta criar sem sucesso um centro de estudos sobre desenvolvimento na UERJ e vira professor da FESP-RJ. Neste mesmo ano torna-se professor da UNB. Foi nesta mesma universidade que organizou com a participação de Theotonio dos Santos e Vania Bambirra entre outros, o círculo de estudos de O Capital de Karl Marx, com o objetivo de analisar as sociedades latino-americanas à luz da teoria marxista, a qual tornou-se base para a formulação da Teoria da Dependência ( crítica e alternativa às visões da CEPAL). Morreu aos 65 anos acometido por um câncer em 1997, na cidade do Rio de Janeiro. Até a sua morte, Marini teve boa parte de sua obra não traduzida para o português. No exterior publicou entre outras: Subdesenvolvimento e revolução (1969), Dialética da dependência (1973- considerada sua grande obra), O reformismo e a contrarrevolução. Estudos sobre o Chile (1976).
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