Os projetos do CRMM são constituídos por três eixos de atuação: O atendimento às mulheres, a capacitação e o empreendedorismo. Através destes eixos busca-se construir e consolidar uma rede de enfrentamento das questões relacionadas à violência contra as mulheres, a divulgação da informação e a promoção de ações de sustentabilidade para mulheres, em especial as que estão em situação de violência doméstica.
Reconhecer-se em uma relação violenta e criar mecanismos de enfrentamento desta situação requer tempo, coragem, estratégias de suporte para a elevação da auto-estima e uma equipe técnica preparada para acolher no sofrimento e informar sobre os aspectos sociais e jurídicos da situação.
Este é um momento muito delicado para a mulher, pois falar das suas tristezas, angústias e medos é sempre muito doloroso. Os atendimentos podem ser individuais, de acordo com a situação apresentada. A equipe técnica interdisciplinar é preparada para o acolhimento, escuta qualificada, acompanhamento e encaminhamento das mulheres segundo a realidade e a necessidade de cada uma.
O aumento da demanda do CRMM-CR mostrou-nos que além dos atendimentos individuais, as mulheres buscavam outros modos de interação e informação. As oficinas temáticas propiciaram o acesso das usuárias à informações diversas sobre direito, formas de construção de relações sociais, legislação trabalhista e previdenciária, processos decisórios e conquista de direitos. Estes e outros temas contribuem para o fortalecimento das mulheres, para o reconhecimento de sua condição cidadã e fomenta entre as usuárias, valores mais coletivos na produção da vida e do viver.
Inventar a vida é dar-lhe novas cores, sons, cheiros, movimentos múltiplos de singularidade para o enfrentamento da violência de gênero. Valendo-se da linguagem artística como prática pedagógica de educação e cultura, mulheres, adolescentes e crianças experimentam diversas possibilidades de ser e interagir com o meio. As atividades potencializam as relações cotidianas, a formação de vínculo, a compreensão do mundo e das relações sociais, incentivando a busca de parcerias, o empreendedorismo e a descoberta das habilidades e forças contidas em cada participante das oficinas. Os temas relacionados aos direitos humanos e à violência de gênero são tratados de forma transversal: O mundo não muda? Mudamos nós!
Esta proposta mobiliza diversos recursos para promover a estimulação psicossocial, a linguagem e a audição, já que a socialização se dá sob os mais variados aspectos e como prática cotidiana e coletiva. O planejamento das oficinas varia conforme o grupo que recebe e o que é recebido, num processo dinâmico e ininterrupto e para isso, podem ser utilizados como veículo de experimentação, tais como: a manufatura artesanal e reciclagem de papel e outros materiais como sementes, raízes, raspas de madeira, tecidos, retalhos, peças para a confecção de bijuterias, etc.
Para tornar-se sujeito social de direitos é preciso conciliar intenção e gesto. Nas oficinas de dança mulheres e adolescentes experimentam movimentos novos, coordenados, cuja compreensão permite a apropriação do espaço de uma forma mais lúdica e inovadora, contribuindo para a reflexão sobre as formas de ser que levam as cristalizações e que fragilizam a auto-estima.
A experiência da leitura não se limita à compreensão da palavra escrita. Ler, na perspectiva de Paulo Freire, apropriar-se do mundo, compreende-lo em sua dinâmica e complexidade. Enquanto lemos transformamos o mundo e a realidade que nos cerca. Estar alijado deste processo fomenta o sentimento de inferioridade e contribui para a manutenção da situação de violência.
Pisar na cena, dar voz e corpo às personagens, dizer, redizer, desdizer... Através da experimentação teatral é possível reinventar-se e dar novas formas às agruras do dia, em especial àquelas que marcam tão profundamente.
Trabalhar a consolidação de uma rede de atenção à mulher em situação de violência torna prioritário o debate sobre as diferentes vertentes do problema bem como a atuação dos diferentes atores e os modos de enfrentamento para a erradicação da violência contra a mulher. Para isto, o CRMM tem contribuído, oferecendo capacitação para estudantes, moradoras(es), profissionais de saúde, organizações não-governamentais, Agentes Comunitários de Saúde, lideranças comunitárias e demais pessoas sensíveis à esses temas.
A formação acadêmica comprometida com a prática em suas múltiplas possibilidades requer um esforço conjunto na busca de soluções estratégicas para a atuação profissional. Neste projeto, estudantes dos cursos de Direito, Psicologia e Serviço Social desenvolvem atividades e produções teóricas baseadas na observação do cotidiano do trabalho com as mulheres, divulgadas nas Jornadas de Iniciação Científica, Congressos de Extensão e Semanas de Integração Acadêmicas do CFCH.
A formação do aluno de graduação deve estar em consonância com as nuances da realidade social para que a Universidade cumpra o seu papel de formar profissionais preparados para os mais variados campos de atuação, aptos acolher escutar, acompanhar e dar os devidos encaminhamentos às situações apresentadas no cotidiano do trabalho.
As desigualdades de gênero são construídas ao longo do processo de formação da criança e do jovem. Através de uma ação envolvendo escolas do entorno do CRMM-CR são realizadas atividades de prevenção da violência doméstica e educação não-sexista, além da elaboração de alternativas conjuntas para a identificação de situações de violência doméstica na escola e o acompanhamento ou encaminhamento para a rede por intermédio do CRMM-CR.
Compreender o conceito e a dinâmica dos Diretos Humanos no âmbito mundial, nacional e local favorece a construção de novas leituras do cenário de violação dos Direitos Humanos, a tomada de decisão e a consolidação de redes de combate às diversas manifestações destas violações no cotidiano. Voltado para Agentes Comunitários de Saúde, jovens de pré-vestibulares comunitários, membros de organizações não-governamentais, professores da comunidade, mulheres atendidas no CRMM-CR e demais moradores sensíveis ao tema, esta proposta conta também com a realização de atividades lúdicas e afetivas, fundamentais em qualquer projeto de produção coletiva de saberes.
Mais que um elo entre a comunidade e a Unidade de Saúde, o Agente Comunitário de Saúde é um ator fundamental na construção de práticas mais solidárias do agir em saúde, já que é ele quem ouve, traduz e prioriza a demanda dos usuários do serviço. Neste aspecto é prioritário o investimento na formação do ACS como Agente de Cidadania e Direitos Humanos, para fornecer elementos para a identificação, primeiro acolhimento e encaminhamento ao CRMM-CR das mulheres possivelmente em situação de vulnerabilidade e discriminação.
O investimento em projetos de geração de trabalho e renda é fundamental para a reversão do quadro de subalternidade e desqualificação profissional, em especial das mulheres em situação de violência. Além do desenvolvimento de habilidades específicas e de gestão, investe-se na formação em Direitos Humanos como mecanismo de rompimento da situação de violência. O empreendedorismo, articulado ao cooperativismo e à solidariedade podem contribuir para a inclusão social, a promoção da autonomia econômica e financeira, bem como para o desenvolvimento pessoal e local e o fortalecimento da auto-estima. Estes são os caminhos pra a construção de uma vida mais justa e digna para as mulheres.
Reinventar o mundo, dar novas cores, aromas e texturas às circunstâncias da vida... Com este projeto as mulheres do CRMM-CR foram capacitadas na arte de planejar, comprar, produzir e comercializar arranjos florais utilizando flores naturais e secas, o que permite a inovação e à inserção no mercado de comemorações e eventos.
Muitas mulheres moradoras do entorno do CRMM-CR utilizam o espaço de seus domicílios para cuidar das crianças de outras mulheres. Este cenário torna premente a consolidação de atividades que permitam às mulheres atuar junto às tarefas diárias que envolvem os cuidados com crianças de 0 aos 05 anos de idade, oferecendo estímulos necessários ao seu desenvolvimento infantil.
Na cultura popular, “colocar a mão na massa” é empreender força e desejo na transformação dos elementos apresentados. É assim que as participantes desta oficina – mulheres jovens de baixa escolaridade - apropriam-se de noções de utilização otimizada de alimentos, processo de higiene e armazenamento de material e empreendedorismo enquanto potencializam suas habilidades no preparo de bolos, salgados, suflês e pães. São promovidas visitas à incubadora de pequenas empresas e de prospecção de mercado, como visitas às feiras livres, galerias, lojas, centros culturais, etc.
Prevenindo a saúde física e mental da equipe do Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa (CRMM-CR).
Ver a vida com outros olhos é o ponto central deste projeto. Aqui a sétima arte serve de mote para a promoção de reflexões e debates coletivos entre as mulheres, além de ampliar o acesso ao universo das artes e o fortalecimento de laços solidários entre as moradoras da Maré.