A violência de gênero atinge mulheres das mais variadas classes sociais, crenças e posicionamentos políticos, mas sabemos que entre as mulheres pobres, das classes populares, esta violência aparece ampliada pela discriminação geográfica e racial. Sob este aspecto, os efeitos da discriminação, têm seus matizes ampliados e conseqüentemente promovem um exacerbamento não só dos aspectos da violência como também se refletem diretamente na auto-estima, determinação e condução da vida destas mulheres e suas famílias, demonstrando também seus aspectos intergeracionais. O racismo é um processo violento, cruel e, muitas vezes silencioso, já que não se restringe às posições de apreço ou repulsa com relação à cor da pele, antes disso o que se demonstra no cotidiano é a consolidação desse racismo e, consequentemente de seus impactos, nas sutilezas do campo discursivo, nas práticas, na transmissão de certo modo de crer e fazer que cristalizam os lugares sociais, definem papéis, formam identidades. Entre as mulheres negras das camadas populares os efeitos do racismo se potencializam especialmente quando a ele somam-se a violência doméstica e de gênero, o que afeta não só estas mulheres, mas também suas filhas e filhos.
Na expectativa de interferir nessa realidade, o CRMMCR lançou no dia 13 de março de 2009, por ocasião das comemorações e de visibilização do Dia Internacional da Mulher – 8 de Março – o projeto Dandaras Maré: Trançando histórias de solidariedade no enfrentamento ao racismo e à violência de gênero na perspectiva dos Direitos Humanos das mulheres.
O objetivo maior desse projeto é desenvolver estratégias de enfrentamento ao racismo, ao sexismo e á violência doméstica e de gênero entre mulheres usuárias do CRMMCR, através de ações que promovam a auto-estima, desenvolvam habilidades artísticas e promovam a sustentabilidade destas mulheres, suas filhas e filhos, através de diferentes oficinas de tranças, de escultura em madeira, modelagem em argila, contação de histórias, culinária afrodescendente, dentre outros.