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Dia Internacional da Mulher
Mesa Redonda


Neste debate observa-se que novos desafios são colocados. O Movimento de Mulheres Campesinas tem como bandeira a permanência das mulheres no campo e a reconquista de terras tomadas, dos indígenas e quilombolas, pelo agronegócio. A atuação dessas empresas agrárias também é alvo de críticas das mulheres do MST que denunciam o envenenamento das terras pelo uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos. Enquanto na cidade, o desafio para o Centro de Referência de Mulheres da Maré é conseguir que aquelas que são submetidas ao estado de violência rompam com essa situação e tenham condições de dar a direção às suas vidas.


Por Rosário Amaral

Aproveitando a presença das mulheres de vários movimentos sociais, Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra, Comissão Pastoral da Terra, Consulta Popular e de diversos movimentos sociais urbanos vindos de vários estados brasileiros, que participam do Curso de Extensão Teorias Sociais e Produção de Conhecimento promovido pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos- NEPP-DH – UFRJ o NEPP realizou esta mesa redonda para discutir a questão feminina por ocasião das comemorações do dia 8 de março.

Participam deste debate: Arlene Boa, integrante do Movimento de Mulheres Camponesas do Espírito Santo; Noeli Welter Taborda do Movimento de Mulheres Camponesas do Município de Tunápolis, Santa Catarina; Sandra Maria Maier do Movimento dos Sem - Terra MST e Eliana Moura, Coordenadora do Centro de Referência de Mulheres da Maré – Carminha Rosa (CRMM-CR)- do NEPP-DH, UFRJ; sob a mediação da assessora de comunicação e produção do NEPP-DH, Rosário Amaral.

O Movimento de Mulheres Campesinas que está organizado em 22 estados brasileiros; segundo Noeli Taborda, MMC luta há 27 anos pelos direitos negados às mulheres camponesas, dentre os quais estão à educação, saúde, o crédito agrícola para que a produção possa continuar.

“Oito de Março é dia de luta, de denúncia do modelo capitalista, do modelo patriarcal que explora domina e violenta as mulheres”. Para Taborda a luta das mulheres consta de reivindicações como políticas públicas que estimulem a produção que “viabilize as famílias camponesas a permanecerem no campo”.

De acordo com Eliana Moura coordenadora do Centro de Referências de Mulheres da Maré- Carminha Rosa o Oito de Março é comemorado “dando visibilidade aos problemas vivenciados pelas mulheres”; mulheres estas, que foram acolhidas pelo CRMM-CR e que segundo ela, uma grande parcela que é oriunda do Nordeste e do Norte do Brasil em sua maioria tem origem no campo.

O apoio às mulheres submetidas à situação de violência, pelo companheiro, namorado, marido ou vizinho, de acordo com Moura é desenvolvido pelo CRMM-CR através de formas alternativas de capacitação, geração de trabalho e formas solidárias e/ou cooperadas. Desta maneira “a mulher pode vir a superar a situação de “subordinação”, em vez de substituir de “uma dependência por outra”. Ou seja: É preciso que a mulher saia do CRMM-CR em condições de “dar a direção dos seus destinos”, diz Moura.

O Movimento Sem – Terra que se organiza nacionalmente em 23 estados brasileiros desde o início desenvolve a luta pela terra, pela reforma agrária e se articula também em função das lutas mulheres e suas questões específicas. Observou Sandra Maria Maier durante o debate ao falar sobre a organização das mulheres no MST.

“É linha do movimento a participação que tenha homens e mulheres no próprio acampamento, nos assentamentos, na busca do direito para que mulher seja parte do documento da terra, e que as mulheres sejam parte das coordenações das equipes e coletivos”.

O MST direciona também as suas bandeiras feministas em defesa da ecologia, justificou Maier. “Ecologia é parte importante, porque, são as mulheres, que fazem primeiro, o trabalho de ir plantando a horta, ir plantando a subsistência, toda parte para a alimentação”. E esse trabalho entra em choque com o agronegócio que é um modelo que exclui. A exclusão ocorre de acordo com Sandra “desde a destruição da natureza, até a destruição dos filhos nossos, com toda essa investida de veneno”.

Por sua vez Arlene Boa denuncia a situação da mulher que vive sob a ameaça de ser expulsa do campo pelo agronegócio. “Para muitas famílias, no Norte do Estado do Espírito Santo principalmente as mulheres indígenas e quilombolas é uma situação de opressão”. Esse quadro se desenvolve de acordo com Arlene, em consequência do cultivo do eucalipto, quer seja para a extração da celulose, ou para ser utilizado como madeira.
“Essa é uma luta que a gente tem no Estado para que o mono-cultivo seja abandonado e que as terras que foram pegas, roubadas, para ser exata, dos indígenas e dos quilombolas, sejam devolvidas”.

De acordo com Boa é preciso que seja implantado o projeto de agricultura familiar “que só assim a gente consegue manter a família no campo, fazer produção para o consumo próprio e o que sobra comercializar-se”, disse.

Assista o debate na íntegra pelo vídeo.




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