PEDRO BARRETO – COORDCOM - dmvi@reitoria.ufrj.br
De Porto Alegre – Cerca de 500 pessoas lotaram o Armazém 6 do Cais de Porto Alegre, em evento que reuniu o professor Boaventura Santos, da Universidade de Coimbra, e a senadora Marina Silva (PV-AC). No debate “Novos parâmetros de desenvolvimento”, evento integrante da programação do Fórum Social Mundial, os palestrantes defenderam a ideia de que o atual modelo de desenvolvimento só poderá ser alterado se houver uma convergência entre o conhecimento científico e o popular. “As universidades devem ser profundamente alteradas. Não é de dentro para fora, mas sim, de fora para dentro que esta instituição deve funcionar. Os indígenas, camponeses e as comunidades quilombolas devem entrar nas universidades”, destacou.
Para o acadêmico, “o atual modelo econômico, não é apenas injusto, como é insustentável e a necessidade de mudança é urgente”. Boaventura se disse preocupado com os movimentos paramilitares que pululam na América Latina, Ásia e África. Segundo ele, “isto demonstra uma reação da extrema direita, que não aceita a perda do poder pelas vias democráticas”.
Doutor em sociologia do direito por Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Boaventura listou cinco transições necessárias e urgentes: da ditadura à democracia; do colonialismo à descolonização; do sexismo à diversidade; do capitalismo ao socialismo e do extrativismo à natureza solidária. “Por isso proponho que o Fórum Social Mundial mude de nomenclatura para `Fórum Social Mundial em Movimento`. Precisamos criar um pensamento sólido, proteger e auxiliar as inovações. Os movimentos sociais é que são a vanguarda da transformação do mundo. Temos que instrumentalizar a universidade popular”, defendeu.
Repensar o conceito de desenvolvimento foi outra questão colocada pelo acadêmico. “O Butão adotou outro parâmetro para medir o desenvolvimento: o índice de felicidade. A Finlândia é um país com alto nível de desenvolvimento econômico, segundo os paradigmas capitalistas, mas sua população registra um índice espantosamente elevado de suicídio. Então, de quê adianta este desenvolvimento?”, questionou. “O modelo de desenvolvimento que temos é calcado em um modelo político e econômico. Estamos assistindo à mercantilização dos bens mais básicos de vida: comida, água e o próprio ar. Precisamos parar de beber água na garrafinha”, enfatizou.
Boaventura Santos evitou rechaçar o capitalismo. No entanto, ressaltou
a importância de se pensar uma outra via. “Não estou dizendo
que não possam existir empresas capitalistas”, declarou. “Mas
o que elas não podem é ditar todas as regras”, completou.
O sociólogo também condenou os pensadores que decretaram o fim
da história, na última década do século passado.
“É prematuro lançar o socialismo no lixo da história,
assim como a palavra revolução. Ele está vivo em vários
países. Mas o que é o socialismo do século XXI? Eu diria
que é uma democracia sem fim. Não a democracia que temos hoje.
Mas sim, uma democracia em que tenham vozes os mais diversos movimentos sociais
e culturais”, concluiu.
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